06. Ciência e Religião no século XVIII
Verdades reveladas e verdades demonstradas.
Chegamos a mais um ponto de exploração que guarda ricos tesouros de conhecimento antropológico.
Desta vez, vamos fazer um mergulho nas águas do século XVIII para explorar o embate entre Religião e Ciência no momento em que se firmou o Iluminismo como corrente de pensamento que consagra a Ciência Positiva como forma de validação das informações sobre a realidade.
Nossa discussão vai refletir um pouco sobre o profundo significado sociológico e político desse embate e como ele é ressignificado hoje nas várias formas de desqualificação da ciência.
Veja abaixo, sugestões de leituras e filmes.
Sugestão de Leitura.
Bertolt Bercht. A vida de Galileu. In: Teatro Completo. Rio de Janeiro. Paz e Terra. 1991.
Dica de filme.
O destino
Egito/França, 1997. Direção: Youssef Chahine
Nossa dica de filme é um cult do pouquíssimo conhecido cinema produzido no Egito. Aqui, no Brasil, ele foi exibido pela primeira vez na 21ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Um filme que faz refletir sobre as fronteiras entre religião e ciência e sobre como o conhecimento verdadeiro é um caminho sólido para a liberdade.
O filme foi exibido fora de competição no Festival de Cinema de Cannes de 1997. Também foi selecionado para o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no 70º Oscar, mas acabou não sendo aceito como indicado.
Este filme está disponível no MUBI (assista aqui).
Crítica do portal: "Este melodrama histórico é um dos últimos épicos de Youssef Chahine, simultaneamente um musical revigorante e um apelo político. Feito em resposta à ascensão do fundamentalismo no Egito dos anos 1990, é um conto vibrante que transmite as palavras do filósofo que retrata: As ideias têm asas."
Aqui, neste link do YouTube, você pode ver uma das cenas musicais do filme.
Leia aqui a análise do crítico Inácio Araújo ao caderno Ilustrada, do jornal Folha de São Paulo (publicado em 14.08.1998).
Vale muito a pena ser visto.
SINOPSE:
No século 12, o domínio árabe sobre Córdoba medieval, na Espanha, deu origem a uma sociedade secular e multicultural, em pleno regime islâmico. Lá, o filósofo liberal Ibn Rushd (conhecido no Ocidente como Averróis), conhecido como o mais importante comentarista de Aristóteles e um dos mais importantes conselheiros do califa Al Mansur, criou uma escola de pensamento com repercussões até a atualidade. Com a ascensão das ideias fanáticas de uma seita fundamentalista, cujo líder conta com o apoio do califa e, com isso, começa a ganhar o controle político, Averróis é perseguido e seus livros são condenados à fogueira, em praça pública.
Para manter o trabalho de Averróis vivo, seus familiares e discípulos produziram e enviaram cópias de seus livros para além das fronteiras do Islã. Mesmo perseguido, o conhecimento fez uma jornada em direção ao Outro, em direção ao mundo. Graças a esta iniciativa, as ideias de Averróis chegaram até nós.
O Destino, não é apenas um relato da vida de Averróis; é também um filme de aventura, de amor. E, principalmente, uma crítica severa e bem humarada à intolerância (especialmente a religiosa).
No momento da ascensão do fundamentalismo islâmico no Egito, com surpreendente coragem, o diretor Youssef Chahine trouxe uma resposta aos grupos radicais que conseguiram fazer com que seu filme anterior, L´Émigré, fosse proibido em seu país. Sua resposta veio em forma de uma comédia crítica (com ares de musical), tanto para satirizar o próprio acontecimento quanto para defender a liberdade. Não à toa, guardadas as devidas proporções de época, o diretor protagonizou, de certa forma, o papel do seu protagonista: assim como Averróis, Chahine também foi perseguido por fanáticos por causa de O Destino.
(Texto escrito com base no portal MUBI, no portal da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e no verbete da Wikipedia dedicado à obra.)
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(Produção: Fred Lucio)
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