32. Natureza e Cultura: Mecanicismo e visão sistêmica.
Ementa do episódio
Mecanicismo como método científico.
O Mecanicismo de Francis Bacon e René Descartes.
Mecanicismo como modo de enxergar o mundo e construir o conhecimento.
Mecanicismo como modo de apreensão da realidade.
Mecanicismo: a natureza tem que ser conhecida, seus segredos explorados a serviço da humanidade.
Visão sistêmica e visão holística.
A visão sistêmica de Fritjof Capra.
Utilitarismo como modo de relação com a natureza.
Capitalismo como modo de exploração da natureza.
As consequências desse modelo para a construção da nossa relação com o mundo.
32. Natureza e Cultura: mecanicismo e visão sistêmica.
Mecanicismo, Holismo, Utilitarismo.
Quando se pensa sobre a dicotomia Natureza e Cultura não podemos deixar de pensar na perspectiva mecanicista que passou a vigorar no pensamento científico a partir de René Descartes e Francis Bacon.
Concebendo a Natureza como uma máquina cujos segredos precisam ser extraídos por meio da ciência, para que sejam colocados à disposição do ser humano, Bacon e Descartes consolidaram a perspectiva utilitarista do conhecimento científico.
A supremacia dessa forma de racionalidade como estratégia de validação do conhecimento (nessa perspectiva mecanicista e utilitarista) foi uma aliada poderosa da racionalidade econômica do Capitalismo, que eclodiu nesse mesmo momento, tendo seu apogeu na sua forma industrial a partir do século XVIII.
Esse sistema de pensamento (e ações) relegou outras ontologias, outras formas de pensamento e relacionamento de humanos e não humanos a um lugar de inferioridade e subalternização.
Um sistema não somente antropocêntrico, mas totalmente "economocêntrico".
Outras ontologias e outras epistemologias nos ajudam a pensar sobre as consequências que esta perspectiva trouxe para as relações Ser Humano/Natureza.
Essas são algumas das reflexões que propõe esse episódio.
Sugestão de Leitura:
BACON, Francis. Novum Organon ou Verdadeiras indicações acerca da interpretação da natureza. Coleção Os Pensadores. Vol. XIII. São Paulo: Abril Cultura. 1973.
____ Da Proficiência e o Avanço do Conhecimento Divino e Humano. São Paulo: Madras Editora. 2020.
CAPRA, Fritjof. O Ponto de Mutação: a Ciência, a Sociedade e a Cultura Emergente. São Paulo. Cultrix: 2012.
____ O Tao da Física: uma Análise dos Paralelos Entre a Física Moderna e Misticismo Oriental. São Paulo: Cultrix. 1990.
DESCARTES, René. Discurso do método. Porto Alegre: L&PM. 2005.
DESCOLA, Philippe. Outras Naturezas, Outras Culturas. São Paulo: Ed. 34. 2016
LENOBLE, R. História da ideia de natureza. Rio de Janeiro: Edições 70/Melhoramentos, 2002.
LATOUR, Bruno. Diante de Gaia: oito conferências sobre natureza no Antropoceno. São Paulo: Ubu Editora. 2020
LOVELOCK, James. Gaia, um novo olhar sobre a vida na terra. Lisboa: Edições 70. 2020.
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(Produção: Fred Lucio)
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Sugestão de filme
Ponto de Mutação é um longa-metragem dirigido por Bernt Amadeus Capra, adaptado de seu conto baseado em O ponto de mutação, um livro de não ficção de seu irmão Fritjof Capra, que também é autor de O Tao da Física.
Construindo um encontro entre uma cientista (Liv Ullmann), um político (Sam Waterson) e um poeta (John Heard) no emblemático Mont Saint-Michel (uma cidadela medieval na Normandia, norte da França), o filme analisa as atuais crises econômicas e científicas sob a perspectiva da teoria geral de sistemas em contraposição ao mecanicismo de Francis Bacon e René Descartes.
Uma crise de percepção! Curiosamente em sintonia com a concepção perspectivista trazida pela virada ontológica na Antropologia.
Ficha Técnica:
Ano de lançamento: 1990
Direção: Bernt Amadeus Capra
Roteiristas: Bernt Amadeus Capra, Floyd Byars, Fritjof Capra
Artistas: Liv Ullmann, Sam Waterston, John Heard